Pinturas de Elizabeth Pisani e Guita Soifer

Walter de Queiroz Guerreiro

Com a exposição conjunta de Elizabeth Pisani e Guita Soifer no Shopping Mueller, o público de Joinville terá a
oportunidade de administrar a obra de duas excelentes artistas, em local de lazer a qualquer hora do dia. A
Galeria de Arte Lascaux inaugura esta mostra dia 18 às 20 horas, permanecendo a exposição até o dia 31 de
corrente mês.

As artistas representam duas correntes bem distintas da pintura contemporânea: Elizabeth Pisani é uma das
mais recentes expressões do Realismo como escola pictórica, movimento com raízes na pintura americana de
Edward Hopper, nos anos trinta. No Brasil, particularmente em Curitiba, seu expoente é Ruben Esmanhoto que
conserva o clima metafísico através de luminosidade irreal. Em Porto Alegre, Ivan Gomes Pinheiro Machado
joga também com o Realismo arquitetônico, num enfoque entre o hiper-real e a pop-art. Pisani na presente
exposição visualizou o casario de Joinville, as casas de enxaimel, a paisagem típica, em dez óleos sobre
madeira. O tratamento que a artista dá à vegetação, com verdes chapados e simplificação da forma em
superfícies planas, nos remete igualmente a Bruno Lechowski, grande artista do grupo Bernardelli, nos anos
trinta. O tratamento pessoal de Pisani situa-se entre o realismo e o hiper-realismo; são instantes resgatados da
memória, enfoques do “turista acidental” de Mario de Andrade.

Noutra vertente da arte, Guita Soifer apresenta cinco telas a óleo de grandes dimensões. Guita é uma das
artistas mais completas do atual cenário artístico curitibano e nacional, contando com vasto currículo de
exposições individuais, coletivas, participação em Bienais no exterior, prêmios significativos como o da
Associação de críticos de Arte de Miami, de referência especial do júri da Bienal de Santos, assim como
presente no acervo dos maiores museus brasileiros.

Trabalhou com igual qualidade na gravura, na aquarela e na pintura a óleo, buscando na síntese da forma a
descoberta do significado último do mundo, enfim através do signo achar a forma definitiva de traduzir o mundo
em imagem. Esta busca em pintura traduz-se hoje em pintura gestual, diríamos dentro do expressionismo
abstrato, com raízes na escola de New York, relembrando Hans Hartung e a geração 80 com Fábio Miguez.
Entretanto, esta pintura hoje que preserva a ação, tem o contraponto da cor trabalhada e retrabalhada numa
solução de alto refinamento plástico e estético.

Enfim, uma mostra imperdível.