Objetos de Melancolia
Centro Cultural Portão // Novembro de 2005
Com a fotografia, o valor de culto começa a recuar, em todas as frentes, diante do valor da exposição. Mas o
valor de culto não se entrega sem oferecer resistência. Sua ultima trincheira é o rosto humano.
Walter Benjamin, em suas teorias histórico-filosóficas, argumentou contra a idéia de uma História linear, que
somente reconhece a História dos vencedores, em favor de uma “historiografia da recordação”. O ato de lembrar
ocuparia-se da “memória dos sem-nome”, ou seja, daqueles que não deixaram traços, garantindo-lhes sobrevida.
O tempo sempre foi a matéria de Guita Soifer. O tempo da vida que também é o tempo da morte; o tempo que
subjuga indistintamente todos os seres e coisas, mas que também se encarna no modo como os seres e coisas
se subjugam mutuamente.
Neste sentido a presente exposição de Guita Soifer é e não é uma exposição autobiográfica. Ainda assim, como
já foi dito, se sua singular meditação sobre o tempo funciona como uma escada rumo ao universo, por sua
natureza mesma, necessita de um chão onde ela possa se apoiar.